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Cada vez rende menos: será que o Tesouro Direto morreu?

Júlia Mendonça

01/05/2019 04h00

Investir está cada vez mais na moda, e o Tesouro Direto é, sem dúvida, a aplicação que mais ganha atenção de quem está entrando no mercado financeiro. Porém, devido à enorme queda de rentabilidade que os títulos federais vêm sofrendo nos últimos anos, há muita gente que já decretou a morte do Tesouro Direto. Será que ainda vale a pena continuar a investir nos títulos federais ou já chegou a hora de procurar outros investimentos?

Toda essa admiração pelos títulos públicos começou em 2015. Nesse ano passamos por um período de recessão e inflação alta, batendo a casa de 10% ao ano (a.a.). Para segurar o aumento de preços, o governo elevou a taxa básica de juros do país, a Selic. Ela chegou a 14,25% ao ano, e os rendimentos da renda fixa também subiram –e, claro, o Tesouro Selic seguindo a sua regra de rentabilidade também passou a render 14,25% a.a.

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Aliás não foi somente o Tesouro Selic que passou a render mais. O Tesouro IPCA e o Tesouro Prefixado também passaram a render muito, este último chegou a bater 18% a.a.

Esses números enchiam os olhos dos investidores, mas a verdade é que eles não estavam com essa bola toda devido à inflação elevada que comia boa parte da rentabilidade. O retorno real, que é a rentabilidade bruta diminuída da inflação, de quem investiu no Tesouro Selic nessa época foi de aproximadamente 4% a.a. (14,25% menos os 10% de inflação). O que esse período mostrou foi que não adianta ter um título com um grande rendimento se a inflação também está alta.

Com a melhora progressiva da economia e a inflação diminuindo, o governo pôde finalmente diminuir os juros até o patamar atual, o menor da história do Brasil, de 6,5% a.a., e o Tesouro Selic acompanhando essa taxa passou a render 6,5% a.a. também. Com a inflação atual de 4,5% a.a., a rentabilidade real desse título chegou aos 2% a.a. (sem considerar o imposto sobre o lucro).

Não é um retorno extraordinário, mas mesmo dentro do Tesouro Direto dá para encontrar rentabilidade melhor como o Tesouro IPCA e o prefixado, que estão rendendo entre 8% e 9% a.a. Neste vídeo eu mostro quanto rende R$ 10 mil no Tesouro Selic na prática.

Existe uma regra nos investimentos: quanto melhor a economia de um país está, menores são as taxas de juros dele. Selic baixa significa que está mais barato pegar um empréstimo, fazer um financiamento, mais empregos serão gerados, nosso dinheiro é valorizado e assim a indústria brasileira cresce. A tendência é que o Tesouro Direto passe a render cada vez menos, imitando o que vemos em países com a economia forte, na qual alguns títulos federais têm seus rendimentos negativos.

Não é por isso que você deve deixar de lado o Tesouro Direto. Ele sempre terá espaço na carteira dos investidores, porém é importante ter bem claro que não é o Tesouro que vai te deixar milionário. Os investimentos de renda fixa são ótimos para manter o valor de compra do seu dinheiro ao longo do tempo e dar um pequeno retorno acima disso.

O investidor que entende isso vai atrás de outros investimentos para dar uma turbinada na sua carteira, procurando um pouco mais de risco e retorno acima da média como nas ações, nos fundos de investimentos imobiliários ou até mesmo nos ETFs. Uma boa carteira de investimentos vai ter renda fixa com o Tesouro Direto, trazendo segurança e também investimentos de renda variável, trazendo mais rentabilidade.

O Tesouro Direto não morreu nem vai morrer tão cedo para quem sabe diversificar.

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Sobre a autora

Júlia Mendonça é formada em comércio exterior pela Universidade Positivo. Atuou como planejadora financeira entre 2015 e 2018. Especialista em orientação e planejamento financeiro pessoal, é coach e consultora de finanças, pós-graduada em investimentos, finanças e banking. É influenciadora digital no nicho de finanças e investimentos em um dos maiores canais do assunto na área do Brasil.

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