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Conhece a única função da poupança? Mitos e verdades da caderneta

Júlia Mendonça

09/05/2019 04h00

Estamos vivendo uma verdadeira revolução nos investimentos. Nunca foi tão fácil e barato investir bem. Apesar da facilidade, ainda existe uma pedra no sapato dos brasileiros que impede de ganharmos muito mais: a caderneta de poupança. Temos um amor cego por essa aplicação, mesmo depois do susto que tomamos com o confisco da caderneta no governo Collor.

Os números não mentem sobre isso,  no final de 2018 a poupança acumulava quase R$ 800 bilhões em saldo, enquanto todos os títulos do Tesouro Direto somavam R$ 55 bilhões em caixa. Essa insistência em manter o dinheiro na caderneta está ligada diretamente a todos os mitos que cercam essa aplicação. E nesse post responderei as dúvidas mais comuns que envolvem a poupança.

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A poupança é o investimento mais seguro que existe?

Apesar de a poupança ser bastante segura, no Brasil existem aplicações ainda mais confiáveis. Toda sua garantia está diretamente ligada ao banco em que seu dinheiro está depositado. Se algo acontecer com esse banco, você terá que recorrer ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para receber o seu valor de volta, mas esse é um assunto para abordarmos em um outro artigo.

Hoje, o Tesouro Direto é o investimento mais confiável que temos, pois todo o seu risco está ligado ao governo. Muitos desconfiam do Estado quando pensam em investir o seu próprio dinheiro, mas é mais provável que uma instituição financeira vá a falência do que o governo decretar calote no Tesouro Direto.

Quanto rende a caderneta?

Quem comanda a rentabilidade da poupança é a taxa Selic, a taxa de juros básica no Brasil. Funciona assim: quando a taxa de juros estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será fixo em 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR). Quando a taxa Selic estiver abaixo ou igual a 8,5% ao ano, a poupança será de 70% da Selic mais a TR.

Hoje a Selic está em 6,5% ao ano, e a TR 0% ao ano, e com isso faz com que a rentabilidade da poupança seja de 4,5% ao ano. Pode parecer um bom ganho para um investimento conservador, porém há um detalhe que é comumente esquecido: a inflação. Bons investimentos precisam ser capazes de manter o seu valor e ter uma boa rentabilidade ao longo do tempo, e nisso a poupança não é boa.

Nossa inflação está em aproximadamente 4% ao ano no acumulado do ano de 2019. Isso quer dizer que você só vai ganhar 0,5% acima da inflação se mantiver seu dinheiro na caderneta durante um ano. É um ganho péssimo e pode até ficar pior. Em 2015 ela rendeu 8,15% a.a. contra 10,67% da inflação, ou seja, você que tinha dinheiro aplicado perdeu valor.

Além desses problemas, ainda existe o tal do aniversário da poupança. Funciona assim: no dia que você transfere seu dinheiro para a aplicação, essa data passa a ser o aniversário da sua caderneta, e o seu dinheiro só renderá a cada mês investido completado.

Na prática: você deposita R$ 1.000 no dia 7 de maio. Então, todo dia 7 dos meses seguintes você irá receber os juros da sua aplicação. Caso venha a retirar o valor investido antes do dia 7, tudo o que rendeu é perdido. Em outras aplicações como o Tesouro Selic, além de ter um rendimento maior, é diário e não depende de aniversário. Por favor, não me convidem para uma comemoração dessas!

Qual são as vantagens da poupança?

A principal vantagem dela é a liquidez imediata, o que significa que você pode sacar seu dinheiro a qualquer momento, não importando se é feriado, final de semana ou madrugada. Para depósitos de pequenos valores como R$ 5.000 e por um curto período, até seis meses, ela pode ser uma boa alternativa.

Se optar por investir essa grana em uma corretora de valores, só o valor do TED que pagará é maior que o rendimento que terá nesse pequeno tempo investido.

Eu guardo uma pequena parte da minha reserva de emergência equivalente a um mês dos meus gastos na caderneta. Por ser um valor para uso em uma situação de apuro ou algo inesperado, não me preocupo em quanto vou ganhar ou não. O que me importa é a tranquilidade de saber que posso contar com esse valor no momento que eu precisar.

Se você ainda tinha motivos para continuar na poupança, aposto que depois desse artigo não terá mais. Agora comente aqui embaixo, qual investimento mais te atrai?

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Sobre a autora

Júlia Mendonça é formada em comércio exterior pela Universidade Positivo. Atuou como planejadora financeira entre 2015 e 2018. Especialista em orientação e planejamento financeiro pessoal, é coach e consultora de finanças, pós-graduada em investimentos, finanças e banking. É influenciadora digital no nicho de finanças e investimentos em um dos maiores canais do assunto na área do Brasil.

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